sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Não sou uma mãe politicamente correta.

Teve dias que eu esqueci de dar o Ad-Til.
As vezes eu confundo os remédios,a s dosagens e os horários. É verdade. Dou tudo trocado e (pior) as vezes nem dou: esqueço.
Tem dias que deixo dormir sem escovar dentes e sem tomar banho. Dormiu na volta da festinha e está I-M-U-N-D-O? Banho de lencinho umidecido nele e pijama em mim e nele!
Tem outros que o almoço é o pastel com caldo-de-cana da feira e o jantar é pizza. Tudo no mesmo dia.
Tem dias que é miojo.
E tem outros que eu escondo o final da barra de chocolate para comer a noite escondida sozinha.
Tem dias que eu chantageio, barganho e negocio e feijão no prato com um doce da sobremesa.
E é em frente a TV que ele come as vezes.
Tem dias que eu faço suco de pozinho só para não descascar a fruta antes e lavar o liquidificador depois. Tudo por preguiça.
Quase todas as noites ele dorme na minha cama e eu não o levo para a cama dele. Ou porque estou muito cansada para fazer isso ou porque quero dormir abraçada com ele mesmo.
Tem dias que eu peço para ele parar de gritar gritando.
Eu coloco do DVD da Xuxa para eu ter um mínimo de dignidade. Ele se ocupa com aquelas baboseiras e eu consigo, pelo ao menos, escovar os dentes ou ir ao banheiro sozinha.
Tem dias que NÃO sou justa: faço demais para ele, dou atenção demais, mimo demais, exijo demais e cedo as birras e choros.
Tem dias que eu queria ser repórter correspondente na Austrália e só falar com ele via Skype. Ou que ele fizesse um passeio de balão e voltasse daqui uns 3 anos.
Teve dias que eu me esqueci de ler a agenda da escola, de fazer a lição de casa, de arrumar a lancheira, de por a lancheira na mochila e até errar o dia de volta às aulas eu errei.
Assisto novela das nove na companhia dele.
Já falei palavrão com ele no carro.
E quando termina esses dias eu me angustio, me frustro, me entristeço. Afinal, que tipo de mãe eu sou?
E isso acontece porque ninguém me ensinou ou não li em nenhum lugar ou vi algum filme que fala que mãe pode ter algum deslize de preguiça, de descuido ou de praticidade,
Ninguém me disse que as vezes tudo isso pesa, que a gente se enche o saco de tudo, que a gente se enche deles (dos filhos). Só as vezes.
Não me preparei para isso. Pensei que fosse pecado.
Em todos os sites de gravidez que me cadastrei quando engravidei, em todas as edições da Crescer ou da Pais&Filhos que li, em todos os blogs e grupos de maternidade que naveguei, vi que não valia apenas ter parto normal. Tinha que ser natural e humanizado. Fiz cesariana.
Me disseram que eu tinha que amamentar EXCLUSIVAMENTE até o sexto mês de vida do meu filho, que só podia oferecer alimentos orgânicos, que não podia colocar açúcar na comida doce e nem sal na comida salgada. Que ele só poderia ouvir Palavra Cantada e tinha que dormir sozinho aos 6 meses.
Ninguém me disse que, as vezes, só por uns instantes, nada disso faz sentido, ou até pode continuar fazendo, mas tem dias que a gente tem o direito de não querer fazer nada.
Temos esse direito de transgressão.
Eu aviso: nós podemos.
E com isso devo admitir que sou ré confessa e por isso eu peço (não, Tim Maia, não peço para voltar...rs), peço apenas para me absolverem.
#eumeabsolvo
Da Perfeição da Vida: Por que prender a vida em conceitos e normas? O Belo e Feio....o Bom e o Mal...Dor e Prazer. Tudo, afinal, são formas e não degraus do ser"
Mário Quintana 

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