segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A malhação na gravidez

Reportagem publicada na Folha de São Paulo desta segunda-feira, 02 de novembro de 2009.
Exercício na gravidez corta risco de sobrepeso no bebê
Praticar exercícios durante a gravidez diminui o risco de dar à luz um bebê com excesso de peso ao nascer. A conclusão é de um estudo norueguês, feito pelo Instituto de Saúde Pública da Noruega, em Oslo. Para chegarem ao resultado, os pesquisadores avaliaram dados de 36.869 mulheres que tiveram gestações a termo.
Os autores também ajustaram informações que poderiam interferir no excesso de peso, como idade materna, número de filhos, hipertensão, diabetes e pré-eclâmpsia, entre outros. As grávidas responderam a dois questionários sobre hábitos de atividade física entre a 17ª e a 30ª semana de gravidez. A análise dos dados revelou que quem se exercitava regularmente -pelo menos três vezes por semana em atividades como natação, caminhada, bicicleta e dança- teve um risco entre 23% e 28% menor de gerar um bebê com sobrepeso. O estudo também constatou que a atividade física regular antes da gravidez não afetou essa probabilidade. Segundo os autores, não havia estudos com dados consistentes em relação ao tema. "O trabalho traz amparo científico ao que já se observava na prática", diz o ginecologista e obstetra Alberto D'Auria, diretor da maternidade Santa Joana, em São Paulo. "O resultado faz sentido porque grande parte dos casos de macrossomia [crescimento excessivo do feto] são relacionados ao diabetes gestacional", comenta o educador físico Marlos Rodrigues Domingues, da Universidade Federal de Pelotas (RS). Ele é um dos autores de um estudo sobre atividade física na gestação, que avaliou mais de 4.000 mulheres.

Excesso de glicose
Mesmo sem desenvolver o diabetes, muitas grávidas apresentam um estado de resistência à insulina. Isso leva ao aumento do açúcar em circulação no sangue. Com a alta da glicemia, o bebê acaba sendo alimentado excessivamente. Sabe-se que os exercícios ajudam a prevenir esse quadro. "O excesso de açúcar também leva o bebê a produzir mais insulina, que é um hormônio que faz crescer", explica o obstetra Marcos Tadeu Garcia, do Hospital e Maternidade São Luiz e diretor da clínica de ginecologia e obstetrícia do Hospital Ipiranga, em São Paulo. A macrossomia fetal é definida quando o bebê pesa mais de 4 kg ao nascer. O excesso de peso traz riscos à saúde da mãe e do bebê, como lacerações no períneo, hemorragias pós-parto, lesões no ombro do bebê, baixos índice no testes de Apgar (que mede a vitalidade do bebê ao nascer) e maior chance de obesidade no futuro. Atualmente, os exercícios na gravidez costumam ser encorajados a gestantes que não tenham nenhuma contraindicação. De modo geral, para mulheres sedentárias os médicos recomendam esperar o término do primeiro trimestre. As grávidas que já praticavam esportes não precisam esperar três meses e podem apenas fazer ajustes no ritmo. "A regra é: a atividade deve ser feita sem desconforto e isso vale principalmente para o aspecto da intensidade", diz Domingues. "A mulher deve fazer atividades em que se sinta bem, sem esforço excessivo." "Ela não deve ficar ofegante, precisa evitar o hiperaquecimento e controlar a hidratação", avisa Garcia. "Recomendo exercícios que não tenham impacto sobre as articulações e que não exijam muito do coração, como a hidroginástica", diz D'Auria. "Não recomendo a corrida pois essa atividade tem impacto sobre útero e bexiga."

O que pode?
Em princípio, todas as atividades estão permitidas, como natação, musculação e até mesmo corrida - embora muitos obstetras não a recomendem.
O que não pode?
Mergulho, esportes de contato, equitação e atividades com risco de queda ou choque.
Quando fazer?
Do início ao fim da gestação, se a grávida se sentir bem e se não houver nenhuma intercorrência. Muitos obstetras recomendam que sedentárias esperem o primeiro trimestre para começar a se exercitar.
Quem NÃO pode?
Em alguns casos a grávida está proibida de se exercitar. Em outros é preciso rigoroso controle médico. Veja quais são:
Ruptura de membranas, trabalho de parto prematuro, hipertensão descontrolada, problemas no colo uterino, placenta prévia após a 28ª semana ou sangramento persistente após o 2º trimestre.
Situações que exigem monitoramento:
Histórico de aborto ou prematuridade, gestação múltipla, fumantes, desnutrição ou obesidade excessiva, anemia grave ou doença cardíaca.

Um comentário:

  1. Gostei muito dessa matéria, eu estava com dúvidas a respeito da musculação durante a gestação e acabaram de ser esclarecidas. Se tiverem mais algum texto relacionado por favor me cadastrem nesse site. Cidahaine@hotmail.com - Obrigada.

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